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A crise socioambiental experimentada pela humanidade nesse início de século tem suas origens no modelo dominante de apropriação da natureza, incluindo-se aí a força de trabalho de homens e mulheres. Durante a segunda metade do século XX, as questões ambientais ganharam espaço nos painéis internacionais. Mas junto a esse movimento de popularização do ambientalismo ocorreu um forte processo de insurgência de outros atores para os quais a tão propalada “defesa da natureza” ou “desenvolvimento sustentável” não respondiam de forma satisfatória aos conflitos vivenciados no cotidiano. A medida que o modelo capitalista e todas suas formas de materialização dominavam quase toda superfície do planeta, as populações com modos de vida tradicional (indígenas, quilombolas, comunidades rurais e mesmo nas periferias dos centros urbanos) foram cada vez mais deixadas a margem do desenvolvimento.
A despeito de todo processo de modernização, quase sempre sinônimo de colonização, essas populações resistiram, guardaram e reproduziram por todo esse tempo saberes ecológicos altamente diversos. Chamamos de Saberes Ecológicos Tradicionais todo o conhecimento socialmente produzido por essas populações em relação ao uso da natureza e também sobre o funcionamento dos ecossistemas, desde as relações entre as espécies até variações temporais e espaciais dos fatores abióticos.
Desta forma, os saberes ecológicos tradicionais tornam-se um elemento de extrema importância para a inflexão do modelo atual para uma nova sociedade organizada em torno da manutenção da vida. Ao mesmo tempo, o sistema mundo-moderno-colonial, materializado nas políticas neoliberais, têm buscado se apropriar desses saberes, privatizando-os e inserindo-os na lógica mercadológica, os despindo de toda dimensão cultural e biológica.
Um volume considerável de trabalhos acadêmicos tem sido produzido em todo mundo e no Brasil sobre esse tema. No país, uma valiosa compilação de trabalhos é representada pela Suma Etnológica Brasileira, com trabalhos de Posey, Kerr e Berta Ribeiro. Os Saberes Ecológicos Tradicionais dizem respeito a uma vasta gama de correntes de pesquisa, como a justiça ambiental, a sociologia ambiental, a etnoecologia e etnobiologia, a ecologia política.
Também no âmbito político, a temática tem ganhado grande visibilidade nos últimos anos com elaboração de leis referentes a proteção do conhecimento tradicional, com a articulação de movimentos sociais, ONGs e órgão governamentais. No entanto, apesar da importância do tema e sua relevância científica, política e econômica, na UFMG ainda são tímidas as iniciativas para a compreensão dos processos sociais em torno dos Saberes Ecológicos Tradicionais.
O GRUPO AROEIRA –Ambiente, Sociedade e Cultura, surgido em fins de 2006 por iniciativa de estudantes de graduação e pós-graduação da UFMG de diversas áreas tem como um de seus objetivos principais a promoção de espaços de discussão e reflexão de temáticas socioambientais. Com este propósito, organiza mensalmente há 2 anos o Ciclo de Palestras em Ecologia Humana que já contou com a participação de palestrantes de várias instituições e comunidades e de centenas de ouvintes.
A proposta de organização deste seminário é fruto da articulação construída pelo grupo com inúmeros grupos de base e outros sujeitos e atores no meio acadêmico interessados na construção de novas vias de desenvolvimento com base em outros e idéias sobre natureza.